Raimunda
O mundo gira independente de mim.
A Terra redondeia duplamente e ignora-me.
Eu estática no meu conhecer.
Eu pequena no meu não-saber, encolhida...
ELA passeia ao redor do Sol: esquenta-se, esfria-se.
Cumpre um terrestre ritual: azula-se, prateia-se, doura-se, acinzenta-se...
Esnoba figurinos. Sua órbita é sua bússola.
Nave esférica: menina, moça, mulher.
Carrega em seus passeios o nosso viver; o meu não-viver.
Arrasta no seu magnetismo nossos sonhos, nossas dores...
Enquanto penso, enquanto durmo,
Ela vagueia, indiferente: tufões, furacões, terremotos...
Nada impede seus passeios.
Ela é bem mais ela.
Embalada em seus siderais, dança música hibernal.
Primavera em seus dias, suas tardes, suas noites. Só ela: nave redonda, azul, verde, colorida...íris.
Reduto de muitas vidas,
Mãe de muitas mortes...natural.
Ela vive: vida diferente.
Queria ter vida igual
Maio/2003
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
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