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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Cordel: linguagem dos anjos nordestinos

Os cordelistas do Nordeste  precisam de maior divulgação em todo o território brasileiro. Suas obras precisam ser lidas, admiradas e entendidas como arte (o que realmente são).
Parabéns a Rozilene Reis pelo bonito trabalho de pesquisa nessa área.

domingo, 7 de agosto de 2011

SIMPLES ANDAR

Quando caminhas,
Em qualquer direção;
Quando passeias,
Sozinha ou não,
Nem sempre te vejo
Como queria,
Nem sempre te sinto
Em tua alegria...

Mas não posso negar
Que junto aos teus passos,
No teu toc-toc,
Há como um abraço
No teu caminhar!
Porque há cadência,
Como em passista
Em evento solene
(Firme e egoísta),
Escondendo sua alma
Num belo calçado
Que foi desenhado
Pra te fazer brilhar.

Anda devagar
Para que eu possa te ouvir.
Se for noite na rua,
Será mais fácil dormir,
Porém se for tarde
Acelere as passadas
Vem ao meu encontro
Não precisa mais nada.
Só ande assim...
Cheia de elegância.
Encha meus ouvidos
De uma doce esperança
De que os passos aos poucos,
Já bem decididos,
Deixem logo de ser
Uma doce lembrança!

Valença, 24 de março de 2009.
Maria Raimunda Almeida Silva

quarta-feira, 1 de junho de 2011

PERGUNTAS... PERGUNTAS...


O que justifica a presença dos humanos em meio a tão fantástico UNIVERSO ?

O que somos realmente?

Por que alguns humanos são “premiados” enquanto outros são sumariamente “castigados”? (O que leva ao prêmio? O que leva ao castigo?).

Por que estamos invariavelmente ligados aos efeitos dos astros que são mais próximos de nós?

Por que somos tão ignorantes quanto à força poderosa que controla o UNIVERSO?

O que faz a Terra, satélites, meteoros, cometas terem o seu caminho próprio, independente um do outro?

Por que tenho que me considerar centro do Universo se vivo num planetinha insignificante, doente, condenado?

Por que achar que o meu Sol é o máximo quando sei que ele é apenas uma estrela de 5ª grandeza?

Por que existe o ciclo vital?

Por que existe uma cadeia alimentar?

Por que ninguém pega carona num rabo de um cometa qualquer e sai por aí visitando o infinito?

Até onde vai o NOSSO INFINITO?

Será que me chamo MORTE?



16.02.1993


quarta-feira, 23 de março de 2011

TRISTEZA


Às vezes, uma tristeza cega bate à nossa porta.


Como? Não sei.

Por quê? Ignoro.

Ela dá “ó de casa!”. Ninguém responde.

Ela insiste, batendo palmas,

Ninguém ouve.

Mas a tristeza não desiste, quer entrar...

Dessa vez ela toca um sininho...

Ele quer ser ouvida,

Mais que isso: recebida.

Tristeza?!

Em nossa vida?!

Não... não... não...

Volte outro dia, dona tristeza!

Pois hoje,

Só queremos alegria.



Valença, 31/08/ 2009.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Além das baratas

A pós-modernidade não cabe em meus desenhos...

Um quilo de baratas cabe.

Barata pós-inseticida,

O inseto e a vida entrelaçados,

Dando vida ao que não existia,

No submundo do sobrado

Sobra do APOCALIPSE!

Amém!

“Baratém”!

Além!

Raimunda

18/03/2009

sábado, 12 de março de 2011

Falta Tudo


Falta amor,
Falta paixão,
Falta querer.
             Toda essa falta
Diminui o corpo, aniquila a alma, destrói o espírito.
O corpo nada mais é do que matéria.
Os movimentos são apenas movimentos.
O ser existe dissociado do sentimento.
Tudo fica muito cru, muito frio, muito mecânico.
A música não penetra mais nos ouvidos como um bálsamo.
O vento não toca mais a pele como uma carícia.
Os olhos não enxergam mais a simplicidade de uma gota d’água sobre uma folha, ou o bailar gracioso de um beija-flor.
O sorriso de uma criança é uma afronta para a tez sisuda.
O cumprimento de um amigo é um incômodo para a falta de tempo.
Em que se transformou uma pessoa assim?
Ainda é uma pessoa?

27.05.1995

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Amiga de Proust

                                Raimunda



Sou amiga de Proust.

Sou sua presença, ausência.

Sinto suas pulsações, seus bocejos, suas angústias quando precisa se separar de mim.

Eu o ouço, o vejo, o sinto.

Estou com ele nos galhos da azinheira, lendo escondido dos colegas.

Estou em seu olhar, na sua voz que não sai.

Estou no seu pensamento, juntando-se ao pensamento do seu autor preferido.

Me delicio com suas fugas, seus detalhes, minúcias.

Sou tão próxima dele que o que era amizade sincera, descompromissada, desinteressada, passou a ser, não sei quando, em que dia, um amor sereno, bonito, como um rio que cumpre seu destino de ser rio. Eu sou seu rio, sua ponte, sua água. Sou suas flores singelas e prediletas.

Sou seu lençol de cambraia bordado de tricô caprichado e bem cuidado.

Sou o carinho demonstrado por ele a objetos existentes em sua vida, seus lugares prediletos para descortinar, encontrar-se, familiarizar-se com seus personagens...

Eu sou cúmplice do seu respeito pelos grandes mestres.

Sou cúmplice do seu jeito de transformar em poesia, um simples sentar-se à mesa.

Sou ele quando está de posse do querer trilhar os atalhos saborosos para descobrir do outro lado da janela a simplicidade do jardineiro, a descrição (imagem viva) de um mosteiro com suas sombras, suas vidas, sua história.

Eu o acompanho com alegria, emoção, ansiedade.

Quero vê-lo voltar-se sempre para mim.

Não sou possessiva, apesar de tudo que disse;

Não sou ciumenta, apesar de querer tê-lo sempre comigo;

Não sou vaidosa, apesar de saber que sou sua melhor companhia.

Sou, em verdade, sua realização como menino, adolescente, homem.

Sei que não substituo sua alma no sentido estrito do termo, mas contribuo para que ele se eleve, se construa, se defina como responsável por seu caráter, seu ser, seu saber.


Saber,

Conhecer,

Viver,

Escolher...

Sou sua leitura.


Maio de 2003.